sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Tudo novo, denovo.


Depende de nós o recomeço. Tornar novo, renovo. Mudar todas as coisas, as atitudes, os erros, os medos. Quem pode além de nós mesmos?

As paredes, as cadeiras, os quadros, as estrelas, o relógio, as horas, o vento, o mesmo, todos os dias os mesmos. O dia acaba, a noite nasce, o dia começa, o dia acaba, a noite nasce... é assim. Nada muda se você não muda. Os passos não mudam, caminham para o mesmo destino, os abraços não mudam, não se fazem nem desfazem. Os olhos não mudam, não vêem além do que sempre enxergam. Os sentimentos não mudam.

Mais um dia acaba, mais um mês acaba, mais um ano acaba, mais uma vez começa tudo denovo, quem muda? Eu quero fazer tudo novo. Depende de mim e não do mundo, se eu mudo tudo ao meu redor muda, e eu quero tornar tudo novo, denovo!


Karina Huerta

sábado, 7 de novembro de 2009

"Visitando-me"


Entrei aqui no meu blog para me visitar! Só alguém como eu, tem a criatividade de visitar a si mesma, é a tal da www que faz a gente agir dessa forma. A Internet é uma ferramenta muito útil e importantíssima nos dias de hoje, mas para mim chega a ser assustadora, tem assunto que não acaba mais, uma página que conecta em outra e tudo se interliga, vamos procurando coisas e encontrando ou desencontrando outras. Estava alguns minutos atrás dando uma passadinha em um blog aqui, em um site ali, até que vim parar no meu próprio blog! Olhei-me com olhos de visitante, tive a repentina e passageira sensação do blog ser "outra de mim", uma cópia fictícia, mas do tipo que tem vontade própria, tem amigos próprios, tem dias, meses, anos próprios... Ainda bem que a sensação já foi embora, mas foi daquelas de me deixar pensativa. Quantas cópias de nós andam espalhadas por ai? Será que elas refletem o nosso todo ou são outras de nós sem essência completa?
Visitar a mim mesma me fez até rir. Uma coias dessas, só mesmo nos dias de hoje onde a informação é tão fácil, rápida e algumas vezes eficaz, mas onde não mais existem fronteiras e privacidade. Está tudo diante de nós, aberto, escancarado e toda busca retorna uma resposta. Uma hora ou outra em meio a tudo isso nos depararamos com o que não estávamos procurando: nos encontrarmos conosco.



Esse post de hoje foi para reinaugurar o meu blog depois de tanto tempo sem escrever! Agora vou procurar deixá-lo atualizado. Pessoal não deixem de dar uma passadinha rápida por aqui!


Karina Huerta

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Giro do mundo. (Ano novo)



Mais uma volta completa! Um giro perfeito e novamente chega-se ao ponto de início, não há descanso, pausa alguma será feita. A corrida recomeça. Os expectadores aplaudem, alguns felizes com o fim, outros felizes pelo recomeço, alguns ainda, não demonstram alegria nem desapontamento.
O mundo girou, incessantemente ele dançou e rodopiando ao redor de si mesmo moveu-se. Fez-se a noite, nasceu-lhe o dia. E admirado pela luz que o irradia dançou para ela. Ao redor do sol caminhou, correu e não se cansou. Formaram-se os dia de nuvens, de chuvas, e folhas que caem. Sopraram os ventos, cresceram as flores, os frutos, surgiu o frio, o calor e o tempo.
Horas, dias, meses, foram o metrônomo, o compasso e a partitura da melodia que o mundo dançou. Melodia sem pausa, sem fim nem começo. Compassos que não se repetem.
Com o mundo nos movemos. Dançamos, corremos, cansamos. Observamos os dias em flor, sentimos o cheiro das estações, percebemos os meses caminhando, findando-se. Esperamos pelo novo. Renovamos nossa esperança.
O mundo completou sua volta, todavia não haverá fim. Nós ainda bailaremos, escolheremos os próximos passos de nossa dança. A canção ressoa, a quem brindaremos, ao redor de que giraremos? Mais uma volta se completa e tudo recomeça, o mundo gira e nós também giraremos. Esperanças se renovam, e o fim será, agora, apenas o recomeço.



Karina Huerta.

"Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre." (Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Branco


Derrepente, tudo se fez branco. Fugiram os temas, os títulos, as linhas, as entrelinhas. Por mais que eu tentasse enxergar além da luz ofuscante, a única coisa que pude encontrar fora o branco. As idéias dispersaram-se como nuvens, tentei alcançá-las, porém não cheguei perto de tocá-las. Foram-se uma após outra sumindo em um céu infinito que de azul fez-se branco.
A folha ficou pálida, imersa em claridade. As letras perderam-se ou esconderam-se, decidiram ir. Com elas foram as frases, as estrofes, os poemas, as músicas, as crônicas, os contos, as histórias. Nem os pontos ou as vírgulas restaram. Adormeceram.
Tentei inutilmente encontrá-las, corri, busquei e cansei-me. Falei alto em pensamentos pedindo que regressassem, que acordassem, mas não voltaram. Não ouvi nenhum som de vozes, sílabas, palavras. Fiquei paralisado, imóvel, já não tinha o que dizer, a página continuou vazia, ouvia ao longe o som do tempo caminhando por entre ponteiros e números e seus passos eram firmes.
De súbito, ouvi o silêncio rasgando-se ao meio, pisquei os olhos e passei a observar através da brecha aberta. Vi cores, palavras e idéias fitando-me, nada mais era branco, tudo estava como antes, coisa alguma havia partido. Era eu quem estivera ausente, adormecido. Meus olhos estavam cerrados para o que diante de mim existia, pois distraído em sonhos brancos me detinha. Não percebia que as letras estavam ali contemplando-me. Não eram as palavras que fugiam, era apenas eu quem dormia e nos meus sonhos todas as cores eram brancas.
Karina Huerta

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Como poucos




Não quero andar em caminhos por outros trilhados, seguir a multidão perdida na estrada e adentrar por portas largas. Quero o caminho apertado, a porta estreita por onde poucos entram. Mesmo que seja difícil, não quero ser como todos, seguindo outros que não sabem onde vão, nem o que adiante encontrarão.
Não quero ver os dias passarem inutilmente nem deixar as coisas simples da vida tornarem-se insignificantes. Meus tesouros não sejam o que se acaba ou estraga, coisas pelas quais os homens lutam, vivem, morrem. O meu bem valioso seja o que nem todos enxergam, coisas que podemos sentir, e ser, e viver, e doar. Não quero ser servido, honrado, estimado, mas em lugar de honra desejo humilhar-me. Não seja soberbo meu coração, nem altivo os meus olhos para que eu não pense ser melhor do que outros.
Quero saber para onde vou, observar onde estou, prosseguir na estrada apertada sem importar-me com o que pensam sobre mim os que passam por portas largas. Que os meus pés não retrocedam e meus olhos não se esqueçam nunca de olhar para além da porta estreita, pois o que há depois dela guia-me e recompensa-me da árdua caminhada.
Poucos decidem por esta estrada e eu não quero ser como todos, quero apenas ser como poucos.





Karina Huerta

domingo, 5 de outubro de 2008

REFLEXÕES NO SILÊNCIO

Em meu silêncio, ouço uma voz sussurrando ao meu pensamento, que me cala e fala, me afaga e me salva. Escuto o som de mim mesmo, o compasso métrico do coração batendo pulsante, vivo e tenro. Quando a porta dos ruídos se fecha e o barulho de tudo ao redor cessa, o mundo pára e sou apenas eu mesmo, sem explicações nem conceitos, o conjunto de todos meus erros e acertos. Sou verdadeiro, genuíno e autêntico, como um rosto diante do espelho. Não posso me esconder, me perder ou me esquecer, pois existe uma luz no silêncio, um olhar que me esquadrinha profundamente.
Eu abro os meus olhos quando calo, enxergo o mundo emudecido e nele um caminho apertado por onde sigo calado. Nada mais cabe no meu silêncio, pessoas, riquezas, pobreza, tesouros, tronos, altezas. Ninguém além do que sou e nada mais do que tenho, porém nele escuto uma voz a qual obedeço. Inundo-me do silêncio, submerjo nele meus pensamentos, alvejando-os e aquietando-me. Encontro o que desconheço, o novo, o renovo, o alento, o perfeito em meio aos defeitos.
O silêncio que me cala é o mesmo que fala, é o conselho, o consenso, o argumento. São memórias, anseios, momentos, arrependimentos. É uma confissão muda e uma absolvição calada, proclamada aos meus erros. No meu silêncio eu me encontro e me deixo, me aprecio e me aborreço. Reflito, decido, aprendo e cresço. Descubro que nunca serei bom o bastante, nem demasiadamente errante, nem pequeno, nem grande. Não me tornarei tudo o que quero, mas posso ser mais do que espero. Desvendo quem sou e deixo de ser o que penso sobre mim mesmo.
Karina Huerta.

Bom é aguardar a salvação do senhor, e isso, em SILÊNCIO.
Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Assente-se solitário e fique em SILÊNCIO; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele.
...
Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o senhor.
(Lamentações 3: 21, 24-28)
Examine-se, pois, o homem a si mesmo...
(I Coríntios 11:28)
Examina-me, senhor, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos.
(salmos 26:2)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

REMOVA PEDRAS



Remova pedras para plantar flores
Lance as sementes para que um dia colha
Não deixe que as pedras abafem a terra
Não espere que o vento as remova
Não permita que elas tapem os poços
Ou alterem as correntes das águas
Retire-as mesmo que forem pesadas
Grandes
Pequenas
Juntas ou espalhadas
No caminho
Na estrada
Na noite fria e estrelada
Ao raiar do dia
Ao cair da tarde
Não espere o fim da caminhada
Remova pedras para dar mais um passo
E chegar em lugares não imaginados
Tocar o inalcançável
Encontrar o inesperado
Não espere que outros as removam
Ou que te façam muralhas
E sozinho caminhe na estrada
Remova pedras para que encontre
Escondidos sob elas diamantes
E renove as forças
E caminhe confiante
Pois depois de retirada as pedras
Terão brotado no caminho
Esperanças.

Karina Huerta

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Algumas considerações sobre o amor.

Amar

Amar é saber esperar, porque o amor tudo espera
Amar é perder a vida por alguém, é cuidar e se deixar cuidar
Amar não é receber algo em troca, não é buscar interesses próprios
Amar é suportar a distância, as diferenças, os defeitos
É se contentar com as mínimas coisas
Amar é ter fé, porque o amor tudo crê
Amar é não suspeitar mal
É ter prudência, não leviandade
Amar é viver na verdade
É não esconder sua vida, mas como um livro abri-la, dividi-la, compartilhá-la
Amar é não se irritar, mas saber aceitar as situações, as decisões
Amar é fazer confissões
Amar é sofrer
Um sofrimento que se suporta
Amar é ser forte, porque o amor é forte como a morte
Amar é ter o dom de Deus, porque Deus é amor
Amar é querer bem e se esquecer do mal
É perdoar e não se lembrar mais
Amar é ter o mesmo sentimento do princípio
É não variar, não vacilar, não mudar, mas perseverar
Porque o amor não acaba, não falha
É como o Deus verdadeiro...
Eternamente...o mesmo.

Karina Huerta


O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.

I Coríntios 13:8,13

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AGRADECIMENTO

Hoje ao abrir meus olhos tive vontade de dar graças, pelo dia que começa, pelo ontem que termina, pelo sol que me aquece. Eu quis agradecer pelo ar que eu não vejo, mas que me dá vida, pelo som dos passarinhos, mas também pelo silêncio, agradecer pelos meus cinco sentidos perfeitos. Posso ver todas as cores, todos os rostos, todas as letras, posso ouvir todos os cânticos, todos barulhos, todas melodias. Posso sentir o frio, o calor, o arrepio, o suave, o macio. Posso sentir o que é doce e o amargo, sentir o aroma, o perfumado. Posso falar e posso calar, cantar e dançar.
Eu hoje quis dar graças pelas batidas incessantes do meu coração em meu peito, pelo fluxo de vida que corre por todos os cantos do meu corpo, graças pela capacidade de pensar, decidir, existir, por correr, andar, por sorrir. Dar graças pelo poder de sentir alegria, tristeza, compaixão, amor, perdão. Quis dar graças pelo vento no cabelo, refrescante, revigorante. Graças por ser livre. Pelos anos, meses, dias vividos, queria dar graças por hoje ser mais um dia que não será comparado a outro.
Quis dar graças pelo que não mereço, porque diante de um mundo tão grandioso sou eu tão pequena, mas tão importante. Diante dos mares, das montanhas, do céu, da lua, que tamanho tenho? Diante de um Deus que de tudo cuida, que chama as estrelas pelo nome, quem sou eu para que me ame tanto? Quis dar graças porque o olhar de Deus sobre mim não cessa, porque o sopro Dele me dá vida, porque Dele vem mais um dia. Quis dar graças porque a esperança ainda existe e eu posso com ela mudar o mundo, ao menos o meu mundo, fazendo dos dias que vivo os planos de Deus cumpridos. Quis dar graças porque tendo nada ainda terei tudo. Hoje, quero somente e humildemente dar graças.
Karina Huerta

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Muito mais do que sonhos

Dez homens prostram-se diante de mim, um a um com seus joelhos trôpegos e cansados, dobram-se diante de quem representaria para eles a esperança de que continuassem vivendo, seus pés caminharam longas distâncias, seus corpos amortecidos pelo cansaço lançam-se diante de mim, como sendo eu quem pudesse lhes salvar a vida. Suas poucas palavras já não lhes saiam pela boca, olhavam-me com temor, imploravam-me com os olhos que eu pudesse dar-lhes o que tanto careciam. Lembranças começam a surgir em meus pensamentos, os olhos são os mesmos que não vejo a tanto tempo, não me engano e penso que diante de mim estão aqueles por quem esperei todos os dias reencontrar novamente.
O silêncio ainda se faz presente, as lembranças me enchem como águas fazendo transbordar cisternas, sinto a profundidade de um poço, sinto a umidade, ouço o eco de mim mesmo pedindo por socorro, ouço passos, vozes, moedas, vejo-me longe daqueles olhos que me fitam dizendo adeus. Aromas, mirra e bálsamo rodeiam-me como que podendo cura-me da dor que lateja, e eu me afasto cada vez para mais longe dos olhos que me acenam, para os olhos que me esquecem, para os olhos que estão agora aqui brilhando diante de mim. Como dez estrelas reluzentes, brilham, como estrelas cadentes ao chão, aqui prostrados rosto em terra estão. Pergunto de onde vieram, e eles deixando o silêncio respondem e confirmam aquilo que eu já entendera. Eram eles, mas seus olhos brilhantes já não puderam reconhecer-me, esqueceram-me e não podem enxergar quem sou por trás de quem me tornei. Contenho as lágrimas, mas as lembranças não cessam, e meus sonhos retornam e acontecem bem diante de mim. O sol, a lua, as estrelas que se ajoelham diante de mim anos antes em sonhos, agora em verdade estão aqui, as estrelas prostradas com seus olhos brilhantes, os molhos de trigo do campo, fracos, porém ostentosos se prostram diante de um trigo que sou eu, tudo como nos sonhos acontece, e me lembro e não esqueço como não esqueci um só dia que tive.
Impedi que eu fosse reconhecido, falei rispidamente, queria saber se ainda eram os mesmos ou se cresceram com o tempo. Interroguei-os sobre sua família, revelaram-me serem todos irmãos e mais um ainda havia, mas outro já não existia. O irmão era eu. Eles mesmos me fizeram não mais existir, mas eu sabia que não era por isso que eu estava ali. A fome se fez grande na terra, e eu posso salvar-lhes da morte, é para isso que eu estou aqui, era por isso que eles estavam ali, tudo era apenas o plano de fundo dos acontecimentos futuros, e a realização dos sonhos passados. Pedi que me trouxessem o outro irmão que ainda lhes resta, precisava ver a outra estrela brilhando diante de mim. Guardei-me para chorar em silêncio, logo saíram, um deles fica como prova de que o outro viria, calei-me. Dias passaram, tempos se foram e vejo denovo os homens lançando seus rostos no chão, curvando-se, uma nova estrela estava ali prostrada entre eles, pergunto como estava seu pai, ouço que ainda vive, questiono se este é o irmão que restava, fazem que sim. Um emaranhado de sentimentos me envolve, um misto de alegria, saudade, tristeza e lembranças me apanha, então corro para um lugar secreto onde posso deixar que as lágrimas rolem, que os rios presos em meus olhos fluam como nascentes, deixo que livre sintam-se as gotas que caem e não retornam.
As lembranças me fazem percorrer os anos antes vividos. O cheiro do balsamo e da mirra parecem ressurgir ao meu olfato, ouço novas moedas tilintando, sinto o cheiro de uma nova terra, os olhos brilhantes se foram, os homens das primeiras moedas se foram, tenho um dono, tenho bens para administrar, lembro da mulher do dono, lembro da capa esquecida, abandonada, penso na fuga, na prisão, na injustiça, sinto o frio, o arrepio, o meu sonho que rodeava meus pensamentos em meus dias e minhas noites, relembro de outros sonhos que não eram meus. Revivo no minuto o esquecimento vivido em anos, vejo outros sonhos que não eram meus, relembro a falta das grades, a esperada liberdade, prestam-me honra, dão-me autoridade e eu estou aqui um molho de trigo de um campo distante, porém nunca esquecido. Enxugo as lágrimas, meus irmãos estavam ali, as lembranças já não me importam, peço que jantem comigo e permaneceram aqui. Na manhã seguinte seguiram, não tardou que voltassem, ajoelhados, os onze imploravam, que lhes poupasse a vida. Neste momento não pude mais suportar, tudo que resisti acabou-se aqui, não pude mais esconder quem sou. Pedi que todos saíssem e os onze ouvissem o que eu tinha a lhes dizer, as lágrimas antes contidas agora jorravam dos meus olhos, tão alto chorei que de tão longe se ouviu minha emocionada melodia, então disse, sou eu, o irmão que não mais existe, aquele a quem venderam ao Egito, não se culpem, não se recriminem, pois para salvar vidas que fui posto aqui, Deus me enviou para lhes dar livramento. Vão a meu pai e tragam-no até mim.
Carruagens se aproximam, a minha vai de encontro as que vinham, as outras param, eu ainda estou longe, parece que o tempo ficou lento, as rodas não podem ir mais rápido, os cavalos não correm tanto, como eu queria chegar tão veloz como um relâmpago do outro lado onde esperando estão os que amo! Avisto o homem de cabelos brancos, muito mais brancos do que antes, lanço-me a correr, sinto o vento que corre comigo, não me importam mais os dias, as horas, as honras, os lamentos, os momentos, estou aqui diante de quem quis estar todo esse tempo dos anos que se foram. Está ali o homem, como a lua e não uma estrela, brilhando diante de mim e tudo que posso fazer é correr para os seus braços, sinto agora o calor do seu abraço, choro, ouço-o chorar, vejo toda minha vida passando diante dos meus olhos, mas seu abraço me consola, como dois feixes de trigo estamos aqui, abraçados balançados pelo vento, fracos, porém feitos fortes. Um dia eu tive um sonho, e por mais que tentassem matá-lo ele não pôde morrer, ainda que pudessem fazer-me esquecê-lo, as lembranças me fariam vencer. O sol, a lua e as estrelas se prostraram e eu já não posso esquecer.
José do Egito
"E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e por suas palavras.E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim.E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no seu coração. ...e os irmãos de José chegaram e inclinaram-se a ele, com o rosto em terra.
...Então José lembrou-se dos sonhos que havia tido deles "

Genesis 37:5-11; 42:6,9
Se tiveres um sonho, guarde-o, quando alcançá-lo relembre-o, e saiba que Deus fez com que ele nascesse.
Karina Huerta

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre homens e pássaros

Somos como pássaros, podemos abrir nossas asas e voar, sem rumo ou pouso certo, apenas seguimos o vento. Nosso ninho é aqui, nosso ninho é além do mar, depois das montanhas, em qualquer lugar. O vento não nos diz aonde iremos, mas voaremos e chegaremos, sem parar de cantar. Como pássaros cantamos, um canto que ecoa no céu e chega onde não podemos alcançar. Pássaros são livres, abrem as asas e vão, não importando o tempo, se inverno ou verão. Como eles voamos alto, sem medo do que está embaixo, pois o mundo não nos assusta mais. Podemos sentir o vento, que toca em nossas asas e nos leva em seus braços até onde não poderíamos sozinhos chegar.
Pousamos em campos floridos e em árvores frondosas, por onde quer que vamos, cantamos. Como é bom voar, ser livre, cantar! Mas, embora sendo como pássaros, alguns pensam que não cantam e se calam, outros, que não podem voar, talvez o medo da queda, do vento e de tantas outras coisas os impeça de tentar. E ficam calados, parados, apenas a observar os outros a voar. Não são enviados pelo vento, não chegam aos jardins floridos, não são ouvidos. Mas, os que voam são mais que felizes e os que cantam são ouvidos ao longe!
Quão valiosos são os pássaros! O próprio Pai celeste os sustenta e nada lhes deixa faltar. Somos como pássaros, porém muito mais valiosos que eles, e o próprio Deus nada nos deixa faltar, nos abençoa e nos manda o seu vento, não sabemos de onde vem, nem para onde vai, mas Ele nos faz voar e nos envia aos campos para preciosas canções entoar.
"Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?"(mateus 6:26)
"Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos."(mateus 10:31)
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3:8)
Karina Huerta

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Entre parênteses (O “Bug-da-Web”)

Resolvi abrir um parênteses no meu blog, pois, o post de hoje tem um estilo literário de caráter um pouco jornalístico e reflexivo diferenciando-se dos demais. Embora, não seja (ainda) o meu intuito fazer desse blog um noticiário, eu não queria perder a oportunidade de comentar sobre um acontecimento desta semana que me gerou algumas reflexões e vale a pena escrever um pouco sobre ele.


Abre parênteses


(

O “Bug-da-Web”

Durante essa semana, especificamente a partir da noite de quarta-feira (2 de julho), o estado de São Paulo, foi surpreendido por um fato até então inédito: “o apagão” da Internet. Foi um “mini-bug-do-milênio”*. Na quinta-feira (3 de julho), a pane no sistema de rede de acesso à internet da Telefônica fez com que delegacias, postos do Poupatempo (responsável por emissão de documentos), agências bancárias, empresas públicas e privadas, lotéricas, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outros, além de usuários domésticos ficassem sem acesso à Internet.
Imaginemos o caos gerado. Delegacias não registravam boletim de ocorrência, se algum carro foi roubado, drogas foram apreendidas, alguém foi sequestrado, espancado, perdeu os documentos e muitos outros acontecimentos, ficou certamente sem registro de boletim de ocorrência. E se foi flagrante? Neste caso, os envolvidos precisaram esperar nas delegacias. O Detran não pôde emitir carteira de motorista e licenciamento. O Poupatempo (ou Percatempo?), também ficou paralisado, muitas pessoas que se dirigiram aos postos espalhados pelo estado ficaram sem conseguir tirar os documentos. As empresas paralisaram grande parte dos seus serviços, algumas voltaram a utilizar-se da máquina de escrever (um tanto quanto empoeirada) para preencher formulários, da calculadora, do lápis, do papel. O que dizer sobre as contas que não foram pagas, os trabalhos que não foram entregues, os contratos que não foram fechados, os reais e dólares que foram perdidos? Não dá para contabilizar os prejuízos gerados por essas poucas 20 e tantas horas.
Não quero tornar esse texto uma chatice, então deixemos os prejuízos financeiros, sócio-econômicos e empresarias de lado. Saiamos agora das empresas, do horário de trabalho e voltemo-nos para as casas. Você chega em casa, liga a sua máquina (de “ultra-power-mega-blaster-última-geração”), digita no seu navegador (todo sorridente!) www.orkut.com , tenta conectar o MSN e...ops! Nas últimas 20 e tantas horas não se podia acessar o Orkut, Youtube, Google, MSN, e-mails, os Blogs, Fotologs, as Newsletters, os jogos on-line, nem Damas para a Internet. Então, você resolve fazer um tour pelo Windows, a princípio parecia ser bastante divertido, começando pelo Word, depois passando pelo Excel, Power Point até chegar ao Paint Brush, é ai que você descobre, definitivamente, nada para fazer! Nada vezes nada. O sorriso que estava estampado no rosto do internauta começa esvair-se. Você liga a tv, zapeia alguns canais e não encontra muito entretenimento, anda pela casa e, derrepente, lembra-se de alguns livros que estão embolorando no armário, pega um deles e começa a ler, no segundo capítulo da leitura lembra-se da conta que vencia hoje e que você iria pagar pelo Bankline, dá um suspiro e vira a página, logo depois se recorda que você tinha um e-mail importantíssimo para enviar até o dia seguinte, dá agora um suspiro mais profundo. Lê mais um capítulo, mas, cheio de pensamentos fecha o livro, corre para o computador novamente e com um fio de esperança clica em conectar. Nada acontece. Quer dizer nada acontece exteriormente, porque interiormente você está se sentindo um viajante do futuro que cai sem pára-quedas e kits de sobrevivência, no ano de 1980. As horas passam, você vai dormir e no outro dia acorda confiante que tudo não passou de um pesadelo e que você está de volta à tecnologia, ao mundo digital, interativo, globalizado, conectado. Conectado? “É impossível conectar-se” é o que aparece escrito diante dos seus olhos. Pronto, mais algumas horas fora do ar.
Enfim, depois de mais de 24 horas a Telefônica “resolveu” o problema**. Tudo voltou à normalidade, mas o apagão assustou muita gente, nos deixou pensativos, em alerta. Parece que tudo, nos dias de hoje, funciona através dessa rede de comunicação chamada Internet. Até que a falta dela nos atingisse em cheio, não tínhamos uma total noção da dependência e da importância deste veículo de transmissão de dados. Dependência exagerada muitas vezes, dependência inevitável outras. Depois de convivermos com a tecnologia não estamos preparados para vivermos sem ela. Não é impossível, mas adaptável, uma adaptação que leva tempo e mudanças, pela qual não queremos passar. O problema está resolvido? Talvez esse, mas outros virão (não é uma profecia, é uma hipótese que deve ser analisada). Para mim isso foi a Pré-estréia do “Bug-da-Web” e alcançou um número grande em bilheterias. Teve terror, suspense, drama e até comédia, tudo em uma única história. E a estréia, será quando?


* Bug do milênio: na virada do milênio, acreditava-se que os computadores entrariam em colapso, pois, ao mudar os dígitos 99 para 00 o computador entenderia que estaríamos no ano de 1900 e isso acarretaria uma infinidade de problemas, principalmente no que dizia respeito a investimentos e aplicações financeiras, mas o desastre premeditado não aconteceu.

**Comunicado da Telefônica aos usuários:
http://www.campanhatelefonica.com.br/


Considerações finais:
Sou favorável ao uso das tecnologias em benefício do progresso, do crescimento de um país, de um povo, mas não creio que devemos ser dependentes a ponto de não vivermos sem uso delas. Precisamos parar e analisar os benéficos e malefícios de uma tecnologia no nosso dia a dia. Talvez esses “apagões” aconteçam para nos fazer meditar um pouco. Penso que seria bom passar alguns dias sem Internet, sem telefone, sem celular, quem sabe assim a gente volte a conversar olhando nos olhos, volte a reunir famílias ao redor da mesa, volte a não ter pressa, e consiga enxergar muito além de janelas de pouco mais de 15 polegadas.

Fecha parênteses


).

Karina Huerta

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Duas crianças, um pão e uma janela.

Abro o jornal, passo os olhos pelas notícias e na penúltima página encontro uma imagem, sem muitos comentários, sem texto, sem crônica ou qualquer coisa que me explicasse o fato da foto ser digna de uma página, apenas um título e um rodapé. Olhei bem o retrato, nele estavam duas crianças, um pão e uma janela, sem pintura, sem reboque, sem grades, apenas uma janela de madeira e vidraças. O pão, as crianças comiam, cada uma tinha um pedaço, talvez fosse apenas um pão partido ao meio que as duas dividiam. Como emolduradas pela janela estavam as crianças olhando para o lado de fora, e ao fundo uma cortina impedia que víssemos o que por trás dela havia. Quanto aos seus olhos não consigo explicar o que transmitiam: curiosidade, preocupação, espanto, desconfiança, alegria? Não, alegria não era, disto tenho certeza, os olhos não sorriam, as sobrancelhas estavam franzidas, e nenhum brilho no olhar existia. Parecia que esperavam, com impaciência, com descrença, mas esperavam, a janela me dizia.
Peguei-me indagando o que a cortina esconderia. Seria uma família, uma casa simples, um jarro de água, um pouco de pão? O barulho, o silêncio, a discussão? Um rádio, um calendário, pessoas felizes, sorridentes, olhares tristes, descontentes? Encontraríamos sonhos, ou eles estariam do outro lado da cortina?
O que as crianças observavam também não nos foi revelado, apenas posso imaginar o que seus olhos atentos encontravam. Pessoas caminhando nas calçadas, homens e mulheres indo e vindo em passos rápidos, alguns olhavam para baixo, outros caminhavam e conversavam. Seus olhos eram como o daquelas da janela, não sorriam, não brilhavam, mas esperavam. Janelas existiam muitas, algumas estavam fechadas, trancadas, outras abertas, escancaradas, alguns como as crianças, através dela observavam. Portas são para os amigos e convidados, para os livres, que entram e saem por elas. Janelas são para os sonhadores, os solitários, os que esperam.
Muito além de uma foto, eu vi um povo, eu vi pessoas com suas vidas escondidas por trás de janelas, esquecidas atrás de cortinas, de paredes frias. Eu vi sonhos abafados pela guerra, vi a paz guardada na esperança por trás do olhar de duas crianças. Eu encontrei a espera em meio à descrença, a impaciência, a inocência. Eu senti o tempo que não passa, a fome que não acaba, a alegria que se atrasa. Eu vi a religião encravada na alma de quem crê num deus que não salva, senão por meio da luta, da dor, da guerra, da morte. Mas não é esta a salvação que se espera. Eu vi o que eles não enxergam, vi, e não posso cegar derrepente, indiferente. Mas quem se importa? Quem bate a essas portas, quem acena para tais janelas? As crianças crescem, mudam de casas, de janelas, mas seus olhos serão os mesmos, seus filhos partilharão um mesmo pão, esperando além das cortinas por alguém que lhes traga salvação. E suas fotos no jornal estarão, na ultima página estampadas, em meio a notícias de moda e televisão, sem texto, sem comentário, sem explicação, apenas nos fazendo lembrar que elas existem e ainda ali esperando estão.

EPÍLOGO

A foto mostra crianças à janela na cidade de Cabul, Afeganistão. No mesmo dia em que foi publicada, aos 17 de junho de 2008, integrantes do grupo Taleban (o mesmo responsável pelos atentados aos EUA em 11 de setembro de 2001) explodiram a entrada da principal prisão da cidade de Kandahar, no sul do país, onde centenas de militantes estavam presos. Mil prisioneiros, incluindo 400 membros do Taleban, escaparam da prisão. Sete carcereiros morreram. Por causa da fuga em massa, a Otan e o exército afegão foram forçados a enviar tropas de reforço à cidade.
Os Talebans foram expulsos do poder no Afeganistão por uma coalizão internacional liderada pelos EUA. Desde então, eles organizam um movimento de insurreição no país.
Fonte: Jornal Metrô/SP
Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe; e faça resplandecer o seu rosto sobre nós (Selá.)
Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação.
Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.
Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com eqüidade, e governarás as nações sobre a terra. (Selá.)
Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.
Então a terra dará o seu fruto; e Deus, o nosso Deus, nos abençoará.
Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão.
(Salmos 67)
Karina Huerta

terça-feira, 17 de junho de 2008

SAUDADE

Derrepente me deu uma saudade! Uma não, várias. Daquelas que nos faz sentir o coração apertar e parecer que ele cabe na palma da mão da gente de tão apertado e pequeno que fica, ao mesmo tempo, parece que o mundo inteiro caberia dentro dele. Digo “várias”, porque sabe-se lá por qual motivo comecei a pensar em algumas pessoas, aquelas que estão distante, muito distante ou apenas um pouco distante, não geograficamente, mas, distante do meu dia, do meu pensamento, do meu tempo.
Por alguns minutos parei, parei tudo o que fazia e fiquei pensando nos momentos vividos, nas conversas, nas alegrias e nas tristezas compartilhadas, nos sorrisos, nos abraços, no tempo que estivemos juntos, na amizade dedicada, coisas que não se apagam, mas não voltam e não se repetem. Talvez eu nunca mais reveja algumas dessas pessoas, talvez eu nunca mais reviva algumas das coisas que vivemos. Isso me trouxe um triste sentimento que me fez estremecer por dentro, de que eu poderia ter feito muito mais, ter conversado e ter ouvido mais, ter dado meu ombro, meu consolo, meu apoio, ter sorrido e abraçado mais, ter dado o meu tempo.
O tempo corre em um ritmo acelerado, a vida passa muito rapidamente. Nos preocupamos com nossa vida, com o que temos, o que buscamos e queremos, coisas corretas, coisas justas, coisas da vida, mas, as pessoas passam... elas passam por nós, e nós corremos nesse ritmo acelerado do mundo de hoje, e elas apenas esperando de nós um pouco de tempo, mas ele é tão veloz e se vai como um vento que não podemos segurar e se acaba como uma nuvem que evapora.
Quando senti saudades não foram das coisas que tive, de momentos que gastei comigo mesma, de sonhos realizados, de alegrias ou tristezas não compartilhadas, mas senti saudades de abraços, de conselhos, de olhares, de carinho, de sorrisos, de lágrimas enxugadas, de aperto de mão, de pães repartidos, de sonhos divididos, de palavras e gestos amigos, de corações no mesmo ritmo. Deu vontade de voltar no tempo e me doar mais, e dizer o quanto alguém foi importante para mim.
A saudade me fez perceber quão pouco vale as coisas que me fazem gastar tempo, mas quão importantes são aqueles que mesmo diante do tempo que se foi e da distância que nos separa, ainda estão presentes na minha memória e valiosos como jóias dentro do meu peito. Com essas pessoas eu quero compartilhar meu tempo, minha amizade, meu amor e mesmo que na distância continuem perto nos meus pensamentos, no meu coração e nas saudades que tenho. Que o tempo, que nesta vida me foi dado, não venha a ser desperdiçado com coisas sem sentido, mas seja compartilhado e cuidado para que um dia eu sinta saudades de tudo o que foi muito bem vivido.


Karina Huerta



"Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela." Carlos Drummond de Andrade
"Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro."
Leonardo da Vinci

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante."
Saint-Exupéry
"Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão."
Provérbios 17:17


Dedico esse texto aos meus amigos, em especial aos distantes, motivo das minhas boas lembranças, à minha família, com as quais tenho aliança de amor, que me fazem estar tão perto ainda que na distância. A vocês dedico as minhas mais sinceras saudades...



segunda-feira, 16 de junho de 2008

Poentando: Quando...


QUANDO



Quando o céu estiver ensolarado e mais um dia começar
Quando os passarinhos cantando vierem me acordar
Quando eu abrir os meus olhos e puder te contemplar
os meus lábios estarão prontos para o teu nome exaltar
Quando tudo me for farto e nada me faltar
E a tua voz como a de muitas águas estiver a me guiar
Eu estarei pronto a te adorar

Quando os dias forem passando e parecendo tão iguais
Quando os ventos soprarem forte e a noite chegar
Quando as tardes parecerem longas e nas manhãs for dificil acordar

Quando acabar o meu sustento e tudo me faltar
Os meus lábios cantarão e o meu coração se alegrará
A esperança ainda será esperança
E o meu louvor será o mesmo enquanto eu respirar
Porque a razão da minha vida nunca mudará.



Karina Huerta









Dedico ao meu amado, à minha inspiração, ao autor da minha vida, razão da minha esperança...


Deixo também um beijo especial para a Mylene, amiga e motivadora para que eu sempre continue colocando a esperança e os olhos em Jesus. Em momentos felizes e momentos difíceis seja sempre a Ele a nossa alegria e gratidão. My, sei que sempre estás por aqui lendo meu blog, obrigada pela atenção e amor!




quarta-feira, 11 de junho de 2008

O JARDIM

Hoje, resolvi publicar uma das coisas que escrevi a muito tempo, data de 1995, mas estava inédita até agora, então, espero que gostem!

O Jardim

Chegando ao jardim, pude perceber algo de esplêndido.
Um jardim lindo me esperava, e um banco à sombra de uma árvore pôde dar-me conforto.
Uma rosa despetala, e as flores em matizes rútilas, chamavam a atenção das lindas borboletas de cores variadas.
A relva veludosa transmitia algo de sobrenatural.
O jardim tão florido e luminoso sorria ao sol, e eu naquele banco, passei a ser parte integrante daquele jardim.
O vento levava as folhas do chão para o seu esconderijo secreto.
Nuvens carregadas apareceram no céu e empanaram o sol. A chuva começou a cair e eu tive que voltar sem poder assistir ao final do espetáculo.
Então, sai do meu imaginário e voltei à realidade. Foi ai que despertei de um sonho, e as flores daquele jardim passaram a ser uma lembrança de um mundo muito além do imaginário.
Karina Huerta
"Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que destilem os seus aromas. Ah! entre o meu amado no jardim, e coma os seus frutos excelentes! Cânticos 4:16 "
"Porque o SENHOR consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do SENHOR; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia. Isaías 51:3"
Em teu jardim eu estarei na viração do dia, esperendo por ti...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O GATO E AS BOTAS

Era uma vez há muitos e muitos anos atrás, em algum lugar muito distante, um gato! Mas não estamos falando de qualquer um! Ele era diferente de todos os outros, não porque seu pêlo era mais bonito, ou seu miado mais alto, mas pelo simples fato de que o nosso amigo gato usava lindas botas.
Nenhum outro animal em todo mundo usava botas, nem um simples humano tinha botas tão especiais quanto as dele. Suas botas tinham algo de especial, com elas o pequeno gatinho podia realizar coisas sobrenaturais, pulava tão alto que podia subir em árvores em segundos, correria tão rápido que podia atravessar longas distâncias em minutos, além de se tornar o gato mais elegante de toda a face da terra!
Os outros animais temiam esse gatarrão, porque em qualquer briga ele sempre ganhava, tornou-se praticamente o novo rei da floresta, desbancando o Sr. Leão! Mas isso também trazia prejuízos para o pobrezinho, ninguém mais queria estar com ele, tornou-se sem amigos, sem família, vivia sozinho por entre as matas, mas estava sempre disposto a ajudar qualquer indefeso que passasse por aquelas bandas, quando avistava algo em perigo já se prontificava para o salvamento, virava o herói, é claro, mas ainda assim era um estranho, alguém de quem os outros tem medo, seus poderes eram de assustar, nenhum gato jamais teria realizado coisas como ele. Até que um dia, o bichano cansado, deitou-se à sombra de uma árvore, pensando estar sozinho, porque sempre estava, resolveu descalçar os pés, assim poderia dormir um pouco mais confortável. O que ele não sabia era que alguém o observava aguardando o momento exato em que ele tiraria de uma vez por todas aquelas botas para nunca mais colocá-las novamente.
O usurpador, cuidadosamente, nas pontas dos pés aproximou-se do gato sem ser percebido, tomou-lhe as botas e correu pela mata à dentro sem nunca mais ser visto, nem ele nem as botas. Mas deixou cair-lhe por descuido o chapéu que trazia consigo. O felino ao acordar, procurou a bota e apenas encontrou o chapéu que para nada servia, não tinha nenhum poder mágico, mas como temia também os poderes da bota achou ter sido esta transformada em chapéu, uma vez tirada dos pés transforma-se em outro objeto, pensou ele. Então guardou o chapéu já que era grande demais e não lhe servia na cabeça, era extremamente incômodo usá-lo porque tinha que arrumá-lo a todo o momento para que não lhe tampasse a vista. Ele ficou então aborrecido, chateado e lamentando-se para sempre por ter se descuidado e tirado a bota que nunca lhe havia saído dos pés, e por assim ser quebrou-se o encanto da temida bota.
Deixou de ser estranho, deixou de ser temido, passou a ter amigos e virou um gato normal. Mas, voltemo-nos ao usurpador, ao homem do chapéu, a àquele que fez a vida do gato mudar para sempre. Depois de tomar as botas cautelosamente do bichano saiu correndo pela mata. Como era um homem que precisasse de dinheiro vendeu ao primeiro comerciante de uma vila próxima, disse para o homem que a bota tinha poderes e ganhou uma boa quantia por ela. Este homem por sua vez vendeu para um industriário da área dos calçados, que se interessou em descobrir o mistério da bota, imaginando os rios de dinheiro que ganharia se descobrisse o segredo que ela continha. Como era um homem muito persistente, muito empenhado no seu trabalho e em fazer fortuna, conseguiu fazer uma bota como aquela e todos quanto a colocavam ficavam muito mais velozes e ágeis, passou desde então a comercializar o seu invento.
Não demorou muito para que todos da cidade comprassem a bota mágica, e os do vilarejo vizinho e de países vizinhos e do mundo todo. Enquanto isso o gato vivia sua vida tranqüila sendo um bicho normal. Um dia a bicharada da floresta descobriu a tal bota e não tardou para que todos estivessem calçados com ela e ficavam mais felizes e espertos e ágeis por causa da nova moda. Mas o gato coitado, não tinha trabalho, mal tinha o pão de cada dia, ou seja, o leite de cada dia. Era um bicho do mato, não tinha como comprar uma bota para si, ainda mais a bota mágica! Logo, seus amigos começaram a desprezá-lo porque ele andava descalço, não era tão rápido quanto os outros, sempre apanhava nas brigas, e não era tão elegante. Ninguém mais queria andar com ele, então voltou a viver como antes, sozinho pela mata, sem amigos, sem reconhecimento, e sendo temido por ser assim tão esquisito, tinha apenas um chapéu velho que não lhe servia na cabeça, mas que o fazia lembrar que um dia fora como todos os outros, mas isso já não importava agora. E viveu para sempre a desejar e a esperar que um dia o chapéu se transformasse em botas novamente.



Karina Huerta.

Post de hoje dedicado à Aline, amiga e incentivadora que encontrou pelos menos umas 3 moral da história na minha crônica e foi a primeira a deixar seus afazeres para ler isto. Obrigada amiga pela atenção, amizade e amor, beijos.


Obs.: Por favor, não chorem pelo gato! Ele tinha que passar por essas coisas, para a gente aprender outras! Tudo tem um propósito na vida...

domingo, 1 de junho de 2008

FAZENDO AS PAZES



Quando eu ainda tinha dentes de leite, não sabia a tabuada do número 2 e não conseguia entender que amanhã é um dia depois de hoje (e isso me intrigava muito! Para mim todos os dias deveriam se chamar amanhã). Na época em que tudo era mais divertido, o céu parecia mais estrelado e a primavera mais perfumada por causa das árvores perto de casa, foi nesse tempo que nos conhecemos, eu e a Idéia.
Ela como sempre com seu jeito extrovertido, comunicativo, brincalhão. Eu, meio desconfiada, tímida e não dada a muitas liberdades. Mas, a gente foi se conhecendo e crescendo juntas, apesar das diferenças. Ela sempre me fazendo rir e nos divertíamos muito, brincávamos, desenhávamos, pintávamos, cantávamos, fazíamos de tudo um pouco. A Idéia sempre teve um lugar especial na minha vida.
Também não posso deixar de falar sobre a Criatividade, esta conheci logo que fiz amizade com a Idéia, as duas sempre estavam juntas, onde estava uma, lá estava a outra. Nos dávamos bem, apesar de toda a agitação das duas, de falarem muito e buscarem a atenção de todos sempre, tínhamos uma bela amizade.
O tempo foi passando, eu me ocupando. Deixei de ter tempo para brincar e me divertir e minhas amigas já não tinham espaço no meu dia. Minha vida ficou séria demais. Foi neste momento que eu e a Idéia nos desentendemos, falamos uma porção de coisas uma para a outra. Ela me disse que eu deveria me divertir mais e eu lhe disse que não tinha mais tempo para brincadeiras e não queria ser incomodada. Então, a Idéia, muito sensata e educada, percebendo que já não era bem vinda resolveu ir embora da minha vida levando a Criatividade consigo. Que momento triste!
Os anos foram passando e a saudade aumentando, era difícil viver sem elas, mas eu não queria reconhecer que agi errado, e já não tinha o que fazer para que elas voltassem, até que um dia a Idéia apareceu! Quanta alegria! Ela já veio falando um monte de coisas divertidas e eu não pude resistir em chamá-la de volta, então, convidei-a para novamente ser minha amiga como foi sempre. Pedi que me perdoasse pelas ofensas, é claro, e percebi a estupidez que foi achar que poderia viver longe dela. Com a Criatividade fiz a mesma coisa. Elas se emocionaram muito, e a partir daí tudo voltou a ser alegre como antes, eu aprendi a ouvir e respeitá-las assim como elas hoje entendem seus limites e respeitam meus momentos de seriedade.
Agora feita às pazes, resolvi criar esse espaço, elas serão minhas parcerias nas historias, crônicas, textos e tudo o mais que vier a acontecer por aqui, como gostam tanto de se comunicar e se divertir, neste espaço terão liberdade de expressão, diversão e emoção. Espero que vocês também queridos leitores adotem-nas como amigas e se por acaso estiverem brigados, eu aconselho: façam as pazes!


Post de hoje dedicado as minhas para sempre amigas: Idéia e Criatividade, muito bom é tê-las comigo sempre.

“ Pior do que não ter idéias é não fazer idéia de que elas existem”

sexta-feira, 30 de maio de 2008

CERTIDÃO DE NASCIMENTO

Com muita alegria comunico ao amigos, parentes, conhecidos, interessados e curiosos o nascimento do meu blog! Nasceu em dia nublado, chuvoso, esquisito, mas parece que a chuva inundou meus pensamentos e me encheu de idéias boas. Como toda boa mãe estou sonhando com o futuro do meu filho. Desejo que ele seja inteligente, sábio, alegre, divertido, descolado, que cresça e seja sóbrio, moderado, mas também expresse suas opiniões e tenha senso crítico. Realmente espero que ele seja bem sucedido, diferente e único. Enfim, coisas de mãe...




Foto retirada do deviantart Baby on a Table by Scott Moore http://scottmoore.deviantart.com/art/baby-on-a-table-43198580