terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre homens e pássaros

Somos como pássaros, podemos abrir nossas asas e voar, sem rumo ou pouso certo, apenas seguimos o vento. Nosso ninho é aqui, nosso ninho é além do mar, depois das montanhas, em qualquer lugar. O vento não nos diz aonde iremos, mas voaremos e chegaremos, sem parar de cantar. Como pássaros cantamos, um canto que ecoa no céu e chega onde não podemos alcançar. Pássaros são livres, abrem as asas e vão, não importando o tempo, se inverno ou verão. Como eles voamos alto, sem medo do que está embaixo, pois o mundo não nos assusta mais. Podemos sentir o vento, que toca em nossas asas e nos leva em seus braços até onde não poderíamos sozinhos chegar.
Pousamos em campos floridos e em árvores frondosas, por onde quer que vamos, cantamos. Como é bom voar, ser livre, cantar! Mas, embora sendo como pássaros, alguns pensam que não cantam e se calam, outros, que não podem voar, talvez o medo da queda, do vento e de tantas outras coisas os impeça de tentar. E ficam calados, parados, apenas a observar os outros a voar. Não são enviados pelo vento, não chegam aos jardins floridos, não são ouvidos. Mas, os que voam são mais que felizes e os que cantam são ouvidos ao longe!
Quão valiosos são os pássaros! O próprio Pai celeste os sustenta e nada lhes deixa faltar. Somos como pássaros, porém muito mais valiosos que eles, e o próprio Deus nada nos deixa faltar, nos abençoa e nos manda o seu vento, não sabemos de onde vem, nem para onde vai, mas Ele nos faz voar e nos envia aos campos para preciosas canções entoar.
"Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?"(mateus 6:26)
"Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos."(mateus 10:31)
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3:8)
Karina Huerta

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Entre parênteses (O “Bug-da-Web”)

Resolvi abrir um parênteses no meu blog, pois, o post de hoje tem um estilo literário de caráter um pouco jornalístico e reflexivo diferenciando-se dos demais. Embora, não seja (ainda) o meu intuito fazer desse blog um noticiário, eu não queria perder a oportunidade de comentar sobre um acontecimento desta semana que me gerou algumas reflexões e vale a pena escrever um pouco sobre ele.


Abre parênteses


(

O “Bug-da-Web”

Durante essa semana, especificamente a partir da noite de quarta-feira (2 de julho), o estado de São Paulo, foi surpreendido por um fato até então inédito: “o apagão” da Internet. Foi um “mini-bug-do-milênio”*. Na quinta-feira (3 de julho), a pane no sistema de rede de acesso à internet da Telefônica fez com que delegacias, postos do Poupatempo (responsável por emissão de documentos), agências bancárias, empresas públicas e privadas, lotéricas, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outros, além de usuários domésticos ficassem sem acesso à Internet.
Imaginemos o caos gerado. Delegacias não registravam boletim de ocorrência, se algum carro foi roubado, drogas foram apreendidas, alguém foi sequestrado, espancado, perdeu os documentos e muitos outros acontecimentos, ficou certamente sem registro de boletim de ocorrência. E se foi flagrante? Neste caso, os envolvidos precisaram esperar nas delegacias. O Detran não pôde emitir carteira de motorista e licenciamento. O Poupatempo (ou Percatempo?), também ficou paralisado, muitas pessoas que se dirigiram aos postos espalhados pelo estado ficaram sem conseguir tirar os documentos. As empresas paralisaram grande parte dos seus serviços, algumas voltaram a utilizar-se da máquina de escrever (um tanto quanto empoeirada) para preencher formulários, da calculadora, do lápis, do papel. O que dizer sobre as contas que não foram pagas, os trabalhos que não foram entregues, os contratos que não foram fechados, os reais e dólares que foram perdidos? Não dá para contabilizar os prejuízos gerados por essas poucas 20 e tantas horas.
Não quero tornar esse texto uma chatice, então deixemos os prejuízos financeiros, sócio-econômicos e empresarias de lado. Saiamos agora das empresas, do horário de trabalho e voltemo-nos para as casas. Você chega em casa, liga a sua máquina (de “ultra-power-mega-blaster-última-geração”), digita no seu navegador (todo sorridente!) www.orkut.com , tenta conectar o MSN e...ops! Nas últimas 20 e tantas horas não se podia acessar o Orkut, Youtube, Google, MSN, e-mails, os Blogs, Fotologs, as Newsletters, os jogos on-line, nem Damas para a Internet. Então, você resolve fazer um tour pelo Windows, a princípio parecia ser bastante divertido, começando pelo Word, depois passando pelo Excel, Power Point até chegar ao Paint Brush, é ai que você descobre, definitivamente, nada para fazer! Nada vezes nada. O sorriso que estava estampado no rosto do internauta começa esvair-se. Você liga a tv, zapeia alguns canais e não encontra muito entretenimento, anda pela casa e, derrepente, lembra-se de alguns livros que estão embolorando no armário, pega um deles e começa a ler, no segundo capítulo da leitura lembra-se da conta que vencia hoje e que você iria pagar pelo Bankline, dá um suspiro e vira a página, logo depois se recorda que você tinha um e-mail importantíssimo para enviar até o dia seguinte, dá agora um suspiro mais profundo. Lê mais um capítulo, mas, cheio de pensamentos fecha o livro, corre para o computador novamente e com um fio de esperança clica em conectar. Nada acontece. Quer dizer nada acontece exteriormente, porque interiormente você está se sentindo um viajante do futuro que cai sem pára-quedas e kits de sobrevivência, no ano de 1980. As horas passam, você vai dormir e no outro dia acorda confiante que tudo não passou de um pesadelo e que você está de volta à tecnologia, ao mundo digital, interativo, globalizado, conectado. Conectado? “É impossível conectar-se” é o que aparece escrito diante dos seus olhos. Pronto, mais algumas horas fora do ar.
Enfim, depois de mais de 24 horas a Telefônica “resolveu” o problema**. Tudo voltou à normalidade, mas o apagão assustou muita gente, nos deixou pensativos, em alerta. Parece que tudo, nos dias de hoje, funciona através dessa rede de comunicação chamada Internet. Até que a falta dela nos atingisse em cheio, não tínhamos uma total noção da dependência e da importância deste veículo de transmissão de dados. Dependência exagerada muitas vezes, dependência inevitável outras. Depois de convivermos com a tecnologia não estamos preparados para vivermos sem ela. Não é impossível, mas adaptável, uma adaptação que leva tempo e mudanças, pela qual não queremos passar. O problema está resolvido? Talvez esse, mas outros virão (não é uma profecia, é uma hipótese que deve ser analisada). Para mim isso foi a Pré-estréia do “Bug-da-Web” e alcançou um número grande em bilheterias. Teve terror, suspense, drama e até comédia, tudo em uma única história. E a estréia, será quando?


* Bug do milênio: na virada do milênio, acreditava-se que os computadores entrariam em colapso, pois, ao mudar os dígitos 99 para 00 o computador entenderia que estaríamos no ano de 1900 e isso acarretaria uma infinidade de problemas, principalmente no que dizia respeito a investimentos e aplicações financeiras, mas o desastre premeditado não aconteceu.

**Comunicado da Telefônica aos usuários:
http://www.campanhatelefonica.com.br/


Considerações finais:
Sou favorável ao uso das tecnologias em benefício do progresso, do crescimento de um país, de um povo, mas não creio que devemos ser dependentes a ponto de não vivermos sem uso delas. Precisamos parar e analisar os benéficos e malefícios de uma tecnologia no nosso dia a dia. Talvez esses “apagões” aconteçam para nos fazer meditar um pouco. Penso que seria bom passar alguns dias sem Internet, sem telefone, sem celular, quem sabe assim a gente volte a conversar olhando nos olhos, volte a reunir famílias ao redor da mesa, volte a não ter pressa, e consiga enxergar muito além de janelas de pouco mais de 15 polegadas.

Fecha parênteses


).

Karina Huerta